ABS a falhar? Pode estar a olhar para o sítio errado

Nem sempre é o sensor. Um anel reluctor sujo, rachado ou danificado pode ser o verdadeiro culpado dos alertas de ABS.
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Quando a luz do ABS acende no painel, muitos mecânicos pensam de imediato no sensor. Mas, muitas vezes, o problema não está no sensor em si — está no anel reluctor, essa peça discreta que, se estiver suja ou danificada, compromete todo o sistema.

O anel reluctor (ou roda fónica) é o componente responsável por gerar o sinal magnético que o sensor de ABS lê para determinar a rotação da roda. Pode estar montado diretamente no cubo da roda, no semieixo ou integrado no rolamento, consoante o sistema e o fabricante. O seu bom estado é essencial para que o sensor faça uma leitura coerente.

Sinais incompletos

O problema é que estes anéis estão expostos à sujidade, ferrugem, impactos e desgaste. Quando o reluctor perde dentes, acumula limalhas ou ganha ferrugem, o sensor começa a receber sinais erráticos ou incompletos. Resultado? A luz do ABS acende e o sistema pode deixar de funcionar corretamente, mesmo que o sensor esteja em perfeito estado.

Durante um diagnóstico de falha de ABS, muitos técnicos substituem logo o sensor. Mas uma inspeção visual cuidada ao anel, com a roda levantada, pode poupar tempo, dinheiro e futuras dores de cabeça. Com uma lanterna e um pouco de atenção, é possível detetar riscos, trincas, dentes partidos ou acumulação de sujidade.

Nos veículos mais recentes, onde o reluctor vem embutido no rolamento, a tarefa é mais exigente, mas não impossível. Nestes casos, o uso de ferramentas de diagnóstico com leitura em tempo real ajuda a perceber se há falhas de sinal intermitentes, muitas vezes associadas a deformações mínimas no reluctor.

Leitura errada

A limpeza deve ser feita com escovas macias e produto adequado, nunca com ferramentas agressivas. E, claro, se houver danos físicos, o ideal é substituir o componente — nunca improvisar.

No final, trata-se de aplicar uma máxima simples: nem tudo o que brilha é sensor. Uma leitura errada pode ter origem numa peça tão discreta quanto o reluctor. E um bom diagnóstico passa sempre por ver mais além da primeira suspeita. É esse detalhe que separa um mecânico eficiente de um mero trocador de peças.

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