A história da caixa de velocidades automática é uma viagem tão engenhosa quanto fluida. A primeira versão verdadeiramente funcional deste sistema foi criada em 1939 pela General Motors (GM), com a introdução da Hydra-Matic Drive.
Instalado, inicialmente, no Oldsmobile, este sistema foi desenvolvido por engenheiros da GM liderados por Earl A. Thompson, e marcou um percurso significativo em toda a indústria automóvel.
Embora já existissem tentativas anteriores — como o Wilson Preselector Gearbox nos anos 20, usado em alguns carros britânicos — foi a Hydra-Matic que trouxe, pela primeira vez, uma transmissão automática de série com verdadeiro sucesso comercial e técnico.
A inovação baseava-se numa combinação de uma embraiagem de fluido (hydraulic coupling) e um conjunto de engrenagens planetárias que permitiam ao condutor conduzir sem necessidade de trocar manualmente de velocidade.

Europa… mais lenta
O impacto foi imediato. Em plena Segunda Guerra Mundial, a fiabilidade do sistema foi posta à prova em veículos militares, como o M5 Stuart, provando-se robusto e eficaz. Após o conflito, a caixa automática ganhou popularidade nos EUA, símbolo de conforto e sofisticação.
Nos anos 50, outras marcas seguiram o exemplo. A Chrysler lançou a PowerFlite em 1954, enquanto a Ford apresentou a Ford-O-Matic. Na Europa, porém, o avanço foi mais lento, devido ao custo elevado e à preferência por condução mais “envolvente”.
Ainda assim, a Mercedes-Benz destacou-se ao introduzir, em 1961, a sua primeira transmissão automática de quatro velocidades com conversor de binário.
Desde então, a tecnologia não parou de evoluir. As caixas automáticas modernas incluem transmissões CVT (de variação contínua), de dupla embraiagem (DCT) e até automáticas de 10 velocidades, como a usada pela Ford e a GM em modelos recentes.
Paralelamente, a eletrificação dos automóveis — com os seus motores sem necessidade de mudanças tradicionais — veio dar novo significado ao conceito de condução sem pedal de embraiagem.