A voz característica de Luís Caramelo continua a fazer-se ouvir em cada curva. Nos carros que rasgaram o asfalto, nas imagens que perpetuam a sua história, nas memórias de quem o acompanhou.
Foi ele quem trouxe de volta as “Camélias” e, este ano, a prova retribuiu-lhe um tributo à altura. O nome de Luís Caramelo ecoou mais alto do que qualquer motor. E a estrada que ajudou a recuperar levou-o consigo, quilómetro a quilómetro, troço a troço.
A 45.ª edição do bilstein group Rallye das Camélias foi carregada de simbolismo. A homenagem ao homem que tanto fez pela prova deu o mote a uma corrida marcada pela emoção e pela saudade.
Luís Caramelo faleceu inesperadamente, em novembro de 2024, mas a sua presença foi sentida ao longo dos 263,08 km de percurso, distribuídos pelos concelhos de Cascais, Sintra e Mafra.
Organizada pelo Clube de Motorismo de Setúbal, a prova inaugural do calendário nacional contou com 61,67 km cronometrados, repartidos por seis classificativas desafiadoras.
Entre os inscritos, alinharam nomes de peso do automobilismo português, como Carlos Fernandes/Valter Cardoso (Mitsubishi Carisma GT), Rui Madeira/Nuno Rodrigues da Silva (Mitsubishi Lancer Evo III), Pedro Clarimundo/Mário Castro (Škoda Fabia R5) e Diogo Mil Homens/Pedro Oliveira (Toyota Starlet). Para dar apenas alguns exemplos entre os muitos pilotos que não faltaram à chamada.
A sexta-feira foi dedicada às verificações técnicas e administrativas, que decorreram nas instalações do bilstein group, na Venda do Pinheiro, sob chuva intensa. Por ali passaram os 65 carros inscritos, num ambiente carregado de expectativa para a prova do dia seguinte.
Celebrar uma memória
No sábado, já com o sol a marcar presença, a partida foi dada nos Jardins do Casino do Estoril. O primeiro “embate” aconteceu no Parque Natural Sintra-Cascais, com uma classificativa de 11,66 km, antes da passagem pelo Codeçal, Mafra (7,99 km), onde os pilotos rumaram, depois, ao reagrupamento junto ao Palácio Nacional de Mafra.
À tarde, a desafiante Tapada de Mafra viu os motores rugirem em duas passagens consecutivas, apenas interrompidas pelo reagrupamento na sede do bilstein group. A reta final desenrolou-se em Sintra, numa especial composta por duas classificativas de 9,68 km, a última percorrida já de noite, sob o olhar atento dos fãs, indiferentes ao frio.
Turbilhão de emoções
Para Fernando Matias, presidente do Clube de Motorismo de Setúbal, esta foi uma edição vivida com intensidade. “O bilstein group Rallye das Camélias 2025 é um verdadeiro turbilhão de sentimentos. Quisemos que fosse uma grande homenagem ao Luís Caramelo, o grande impulsionador do regresso desta prova”, começou por dizer ao Check-up.
“O nosso desejo é que ele esteja a olhar para nós e a sentir orgulho do trabalho que estamos a fazer. O rali teve muitos inscritos, uma lista de carros de grande qualidade e pilotos que quiseram prestar tributo ao Luís, enquanto outros regressam, simplesmente, pelo gosto da competição. Mas, acima de tudo, o que mais se sente nesta edição é a ausência dele. Temos de aceitar isso e continuar a honrar o seu legado”, revelou Fernando Matias.
Já Joaquim Candeias, managing director do bilstein group, destacou o compromisso com a tradição do evento. “Para mim, esta edição tem sido uma surpresa muito positiva. Desde as verificações técnicas até à competição em estrada, tudo tem estado impecável: muito público, grande organização, excelentes carros e uma competição de alto nível”, afirmou.
“O impacto deste evento é enorme, tanto para os consumidores finais como para os entusiastas do automobilismo. Há cada vez mais envolvimento e um grande feedback do público, o que é fantástico. A nossa intenção é manter esta parceria e dar continuidade ao rali, especialmente neste ano tão especial, em memória de Luís Caramelo”, enfatizou.
Manter legado
A chegada foi novamente nos Jardins do Casino do Estoril, onde os 49 carros que resistiram à dureza da prova se reagruparam antes da cerimónia de entrega de prémios, no Vila Galé Sintra.
A vitória da geral, à semelhança do ano passado, sorriu à dupla Carlos Fernandes/Valter Cardoso (Mitsubishi Carisma GT), seguidos de Rui Madeira/Nuno Rodrigues da Silva (Mitsubishi Lancer Evo III) e Pedro Clarimundo/Mário Castro (Škoda Fabia R5).
Mais do que uma competição, o bilstein group Rallye das Camélias 2025 foi um tributo a um nome que se confunde com a história da prova. Luís Caramelo partiu, mas a competição que “resgatou” nunca o deixará para trás.
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