Adivinha quantas peças tem um veículo elétrico?

Um carro elétrico tem menos de metade das peças de um veículo com motor de combustão. A sua “simplicidade” está a transformar a indústria automóvel para sempre.
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A transição da indústria automóvel para os veículos elétricos (VE) não se limita à mudança do combustível. Uma das grandes diferenças entre os VE e os automóveis com motor de combustão interna (ICE) está no número de peças que os compõem.

Por outras palavras, a redução drástica de componentes mecânicos altera, profundamente, a produção automóvel, a manutenção e até o modelo de negócio das oficinas. Mas quão grande é esta diferença?

Menos peças, mais simples

Os VE incluem, em média, entre 20 a 30 mil peças, enquanto um carro com motor de combustão pode ter cerca de 70 mil. A razão principal é a simplicidade do motor elétrico.

Um motor térmico precisa de componentes como pistões, válvulas, bielas, cambota, segmentos, sistema de injeção, turbo, embraiagem e uma caixa de velocidades complexa, entre muitos outros.

Já um motor elétrico tem, essencialmente, um rotor, um estator, rolamentos e um inversor para controlar a corrente. Além disso, os VE não necessitam de sistemas como escape, depósito de combustível, radiador, bomba de óleo ou filtros de combustível e ar do motor.

No entanto, os VE continuam a ter suspensão, travões, direção, rolamentos e sistemas de segurança idênticos aos dos veículos de combustão. Também incluem filtros de habitáculo e sistemas de refrigeração para a bateria. Ainda assim, a eliminação de milhares de peças associadas ao motor térmico traduz-se numa mecânica mais simples.

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Impacto na indústria

Esta redução de complexidade tem efeitos profundos na indústria. A produção de motores térmicos envolve cadeias de fornecimento extensas, com centenas de fabricantes especializados em componentes como injetores, embraiagens ou sistemas de escape. Com a eletrificação, muitas destas empresas estão obrigadas a reinventar-se ou enfrentam um declínio inevitável.

Nas oficinas, a mudança será, igualmente, significativa. Com menos peças sujeitas a desgaste mecânico, a necessidade de manutenção reduz. As mudanças regulares de óleo, correias de distribuição e filtros de combustível desaparecem. No entanto, os VE ainda exigem cuidados, como a verificação dos travões, pneus, suspensão e sistemas de refrigeração da bateria.

Sempre as baterias

Embora a simplicidade mecânica dos VE seja uma vantagem, a tecnologia elétrica traz desafios. A substituição de baterias é dos maiores custos e a eletrónica avançada dos VE reclama técnicos especializados. Além disso, a produção de baterias ainda depende de materiais escassos, como lítio e cobalto, criando desafios ambientais e logísticos.

Por outro lado, os VE utilizam menos fluidos, mas não estão totalmente isentos deles. Há sistemas de refrigeração da bateria que utilizam líquidos específicos e as “caixas de velocidades” simplificadas dos VE podem necessitar de lubrificação.

A redução do número de peças nos VE não é apenas uma curiosidade técnica – é um fator determinante na revolução automóvel. Com menos peças móveis, há menos desgaste, menos avarias e custos de manutenção potencialmente mais baixos. No entanto, a transição exige uma reestruturação profunda da indústria, desde as fábricas aos mecânicos.

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