Vários representantes da indústria automóvel e a Comissão Europeia reuniram-se, em Bruxelas, no âmbito do trabalho para avaliar o estado atual da indústria e os efeitos para a economia europeia. E são várias as conclusões.
A CLEPA transmitiu à CE que “os fornecedores anunciaram a perda de 54 mil empregos em 2024”. E não teve dúvidas: “Mais do que durante a pandemia — o impacto é real e está a acontecer agora!”. Considera que terá de existir uma “ação urgente” a curto e médio prazos. Mas vamos por partes.
Não ficar para trás
“A AFIA faz parte do board desta associação europeia e está em linha com o comunicado, do qual ressalvamos, o facto de a CLEPA acolher, satisfatoriamente, a iniciativa da Comissão Europeia, de promover um diálogo estratégico com os representantes desta indústria, mas, para que esse diálogo tenha resultados, será necessário considerar o urgente ajustamento regulatório das medidas que foram impostas à indústria automóvel na Europa”, diz.
E vai mais longe: “A Europa corre o risco de ficar para trás, a menos que adote uma ponte tecnológica mais ampla para a eletrificação. As políticas climáticas sobre descarbonização deveriam focar nas fontes de energia e na redução dos combustíveis fósseis, em vez de prescrever tecnologias específicas”, sublinha a associação.
“A indústria exige uma solução de longo prazo para além da meta de descarbonização total para 2035 que garanta a competitividade industrial, o investimento e os empregos. Isso passará por ampliar as regulamentações de CO2, permitir múltiplas opções tecnológicas e alinhar um conjunto de políticas que estimulem a competitividade industrial”, acrescenta a mesma fonte, em comunicado.
Preocupação crescente
Do lado português, parece haver, também, algum alinhamento com estas afirmações. Segundo José Couto, presidente da AFIA e também membro board da CLEPA, “a indústria nacional de componentes está a ressentir-se desta encruzilhada em que se encontra a Europa”.
O desemprego e a manutenção da capacidade produtiva são duas ameaças sérias que a produção de componentes para automóveis tem de gerir. O efeito pernicioso da atividade no território europeu tem consequências para a indústria nacional.
“A AFIA, enquanto representante desta indústria a nível nacional, que assegura 10% do emprego total da indústria transformadora, recomenda ao Governo uma consideração urgente destas condições junto dos seus membros na Europa. A AFIA está preocupada e acredita que há que tomar medidas que ajudem a enfrentar os desafios que teremos de encarar”, conclui a associação.