Há mais de 65 anos, a Volvo deu um passo pioneiro na segurança automóvel ao introduzir o cinto de segurança de três pontos. A invenção, desenvolvida pelo engenheiro sueco Nils Bohlin, tornou-se num marco na história da indústria automóvel, salvando, nada mais nada menos, do que milhões de vidas desde então.
Mais impressionante ainda foi a decisão do fabricante sueco de abdicar da patente, permitindo que o dispositivo fosse utilizado por qualquer fabricante, sem custos adicionais. Outros tempos? Porventura, até porque não mais a indústria viu algo igual.
Antes da invenção de Nils Bohlin, os cintos de segurança disponíveis nos automóveis eram rudimentares e, muitas vezes, desconfortáveis. A maioria consistia em cintos de dois pontos, que se prendiam à altura da cintura.
Estes dispositivos, além de pouco práticos, podiam causar lesões graves em acidentes, uma vez que não distribuíam adequadamente as forças de impacto pelo corpo do passageiro. Por vezes, era pior a emenda…
Presos à vida
Nils Bohlin, que anteriormente trabalhara na indústria da aviação, onde desenvolvia sistemas de ejeção para pilotos, foi contratado pela Volvo em 1958 para melhorar a segurança dos automóveis. Inspirado pela sua experiência na aviação, Nils Bohlin criou um cinto de segurança mais eficiente, simples e confortável.
A sua invenção consistia numa faixa que atravessava o peito e outra que passava pela cintura, ambas fixadas a um único ponto de ancoragem. Este design não só aumentava, significativamente, a proteção, em caso de colisão, como era suficientemente prático para ser utilizado no dia a dia pelos condutores e passageiros.
A 13 de agosto de 1959, o cinto de segurança de três pontos foi introduzido, pela primeira vez, no Volvo PV544, marcando o início de uma revolução na segurança automóvel. Nos anos seguintes, estudos demonstraram que o dispositivo reduzia em cerca de 50% o risco de morte ou ferimentos graves em acidentes rodoviários.
Apesar do impacto potencial na competitividade da marca, a Volvo tomou uma decisão sem precedentes: abriu mão da patente do cinto de segurança de três pontos, permitindo que qualquer fabricante de automóveis pudesse utilizá-lo livremente.
Na época, o vice-presidente da Volvo, Gunnar Engellau, resumiu a filosofia da marca com uma frase icónica: “Esta invenção é demasiado importante para ser guardada para nós próprios”.
Nils Bohlin também partilhava da mesma visão altruísta. Em declarações feitas anos mais tarde, o engenheiro afirmou: “Um cinto de segurança que ninguém utiliza não tem valor. Era essencial que fosse adotado por todos os fabricantes, para que salvasse o máximo de vidas possível”, disse, então, o “criador” do dispositivo.
Serviço para o mundo
A decisão de disponibilizar a patente não foi apenas um gesto ético. Foi, também, um reconhecimento de que o verdadeiro valor do cinto de segurança residia no seu impacto global. Estima-se que, desde a sua introdução, o cinto de segurança de três pontos tenha salvado mais de um milhão de vidas em todo o mundo.
Hoje, o cinto de segurança é obrigatório em todos os veículos e em quase todos os países, sendo reconhecido como uma das invenções mais importantes na história da segurança rodoviária.
A visão da Volvo e de Nils Bohlin transformou a forma como a indústria automóvel encara a segurança, estabelecendo um padrão de responsabilidade social. Ao abrir mão da patente, a Volvo demonstrou que a segurança deveria estar acima do lucro e da rivalidade.
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