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100 anos do travão de disco: um marco na evolução da segurança automóvel

Criado em 1924, este sistema de travagem mudou para sempre a forma como os veículos desaceleram e param, proporcionando maior eficiência e segurança.
Check-up Media historic car

Em 2024, celebra-se o primeiro centenário de uma das inovações mais significativas na história da segurança automóvel: o travão de disco. Introduzido, pela primeira vez, em 1924, este sistema de travagem mudou para sempre a forma como os veículos desaceleram e param, proporcionando maior eficiência e segurança em comparação com os travões de tambor, utilizados até então.

Evolução da travagem

Nos primeiros dias da indústria automóvel, os travões de tambor eram a solução predominante. Este sistema consistia numa superfície de travagem interna, onde uma “sapata” de travão era pressionada contra o tambor para criar fricção e, consequentemente, reduzir a velocidade do veículo.

Embora funcional, o travão de tambor tinha uma série de limitações que se tornavam cada vez mais evidentes com o aumento da potência e da velocidade dos automóveis. A indústria sentia a necessidade de evoluir.

Uma das principais desvantagens do travão de tambor era o fenómeno de fading, que ocorre quando este sistema perde eficácia devido ao aquecimento excessivo. Durante uma descida longa ou em travagens repetidas, os tambores podiam sobreaquecer, perdendo a capacidade de travar o veículo de forma segura e eficaz.

Esta vulnerabilidade era perigosa, sobretudo em condições extremas, como competições desportivas ou percursos com descidas pronunciadas. Surgia, assim, uma necessidade urgente de um sistema de travagem mais eficiente.

Check-up Media disc brake
Origens do “disco”

O travão de disco trouxe uma solução inovadora e eficaz para este problema. Este sistema funciona com base num disco metálico fixado à roda do veículo. Quando o condutor aciona o travão, pinças equipadas com pastilhas de travão apertam o disco, criando fricção e reduzindo a velocidade.

A grande diferença em relação aos travões de tambor? O facto de os discos estarem expostos ao ar, permitindo uma dissipação de calor muito mais eficiente, o que evita o sobreaquecimento excessivo e reduz, significativamente, o efeito do fading.

Embora a primeira patente para um sistema de travão de disco tenha sido registada em 1924, o conceito ainda demorou algumas décadas a ser utilizado em veículos.

Na verdade, os travões de disco começaram a ser aplicados, de forma mais consistente, em aeronaves, onde o sistema se mostrou vantajoso para controlar as elevadas velocidades e forças envolvidas no momento da aterragem.

Nos automóveis, vários desafios técnicos atrasaram a sua implementação. Um dos principais obstáculos era o desenvolvimento de materiais capazes de suportar a intensa fricção e o calor gerado durante a travagem.

Check-up Media disc brake with tire

Além disso, os sistemas hidráulicos de travagem ainda não eram suficientemente desenvolvidos para permitir uma aplicação eficaz da pressão nas pastilhas de travão. Foi só com os avanços na tecnologia de travões hidráulicos e nos materiais de elevada resistência que o travão de disco se tornou viável para os carros de produção em série.

Adoção na indústria

A Jaguar foi das primeiras marcas a demonstrar o potencial do travão de disco em automóveis, especialmente nas corridas de Le Mans durante a década de 1950.

O Jaguar C-Type, equipado com travões de disco, venceu a famosa corrida em 1953, mostrando ao mundo a superioridade deste sistema em termos de desempenho e resistência ao calor. Este marco solidificou a confiança na tecnologia e levou a uma adoção crescente dos travões de disco, inicialmente em veículos desportivos e de elevado desempenho.

Nos anos de 1960, os travões de disco começaram a ser integrados em carros de produção em série. A Volvo e a Citroën foram pioneiras na implementação deste sistema em modelos voltados para o mercado de consumo, com a Volvo a equipar o modelo Amazon com travões de disco nas rodas dianteiras.

Este passo foi seguido por outras marcas, levando à popularização do “disco” no sistema, sobretudo nas rodas dianteiras, que suportam a maior parte do peso e da força de travagem.

Check-up Media disc brake replacement
Desempenho e segurança

Outra vantagem dos travões de disco em relação aos tambores é a consistência no desempenho. Mesmo em condições de condução exigentes, como travagens repetidas ou em alta velocidade, os discos conseguem manter uma elevada capacidade de travagem sem perda significativa de eficácia. Além disso, a sua resistência ao sobreaquecimento e à acumulação de resíduos nas pastilhas contribui para a maior longevidade e fiabilidade do sistema.

Em termos de segurança, foi um “divisor de águas”, tornando a travagem mais eficiente, previsível e segura. Este avanço foi crucial para o desenvolvimento de outros sistemas de segurança ativa, como o ABS (Sistema de Travagem Antibloqueio), que depende da rápida resposta e precisão dos travões de disco para evitar o bloqueio das rodas e garantir o controlo da direção durante travagens de emergência.

Nos dias de hoje

Atualmente, o travão a disco é um padrão na indústria automóvel, especialmente nas rodas dianteiras da maioria dos veículos de passageiros e em todas as rodas de automóveis de elevado desempenho e veículos pesados.

A tecnologia evoluiu continuamente, com melhorias nos materiais das pastilhas, nos sistemas de ventilação dos discos e nas pinças, proporcionando uma travagem ainda mais eficaz e segura.

Ao longo do último século, o travão de disco consolidou-se como uma peça fundamental na evolução dos sistemas de travagem automóvel e a sua contribuição para a segurança nas estradas é inquestionável.

Passados 100 anos desde a sua invenção, continua a desempenhar um papel crucial na forma como os veículos se movimentam e, sobretudo, como travam de forma segura.

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