“O futuro do mercado de pneus continuará a ter a distribuição grossista”, diz Aldo Machado

Country manager Portugal da Nex Tyres aprecia o espírito de combatividade e acredita que os grossistas continuarão a ter lugar na cadeia logística do futuro.
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Check-up Media Aldo Machado Nex

Muitos “quilómetros” passaram desde que Aldo Machado foi a uma primeira entrevista para liderar um projeto de origem no setor dos pneus. Na época, pouco conhecia da área. Mas percorreu, ainda assim, 2.000 km para aceitar o desafio e abraçar a nova experiência.

Doze anos se passaram. Nove dos quais dedicados à Nex Tyres, empresa distribuidora que muitos clientes associam a marcas como Kleber e Blacklion, que, entretanto, se tornaram referências no mercado.

Nesta entrevista ao Check-up, percorre os momentos marcantes da sua carreira e da empresa que lidera. Mantém a sua atitude de sempre. Simpático, bem disposto e cordial, confia “cegamente” na sua equipa, composta por 22 pessoas – apenas em Portugal. E mostra-se extremamente lúcido e perspicaz quando se trata de observar os caminhos futuros da distribuição de pneus.

A Nex nasceu em janeiro de 2015 em Espanha, fruto da fusão das atividades de distribuição da Rodi Motor Services e da Euromaster. Consideras que existe um antes e um depois da criação da Nex?

Não, de todo. Acho que a criação da Nex foi uma mais-valia para o mercado, mas, com tantos (e bons) grossistas de pneus a atuar em Portugal, isso seria absolutamente impossível que viesse a suceder.

Check-up Media Aldo Machado Nex smile
Com um portefólio de produtos bastante alargado, que cruza vários segmentos e diversas tipologias, a Nex é um distribuidor grossista multimarca e multissegmento. É este o seu grande trunfo?

É, sem dúvida, um grande trunfo, mas a estrutura que suporta a ligação com o mercado (desde a área comercial, logística, financeira…) penso que são ainda mais importantes. E é por essa vertente que o mercado nos (re)conhece.

Além de marcas de distribuição global, a Nex conta nas suas fileiras com várias representações exclusivas. Queres falar-nos sobre elas?

São marcas que consideramos “bandeiras” da Nex. A forma como abordamos o mercado, focados na proximidade com o cliente, permite-nos alicerçar essa relação com marcas onde conseguimos adequar a nossa oferta à necessidade do cliente em determinado segmento, aliando condições comerciais exclusivas a uma proteção geográfica, que cada vez é mais “rara”.

São quase nove anos de Nex, mas todos associam a nossa empresa a marcas como Kleber e Blacklion, que se tornaram referências no mercado (isto para mencionar apenas duas).

Como é que “derrapaste” para o segmento dos pneus? Lembras-te bem desse momento?

Lembro-me perfeitamente! Respondi a um anúncio numa revista do setor para liderar um projeto de raiz em Portugal, ainda vivia no Porto, e fiz quase 2.000 km só para a primeira entrevista!

Foi há cerca de 12 anos. Fui contratado sem saber sequer que a principal medida do mercado era 205/55R16 e recrutando toda a equipa de raiz. Foi um desafio muito arriscado, mas penso que valeu a pena.

“Sempre fui defensor que os players portugueses deveriam ter maior dimensão para se ‘protegerem’ da concorrência europeia, mas, em 11 anos de mercado (excluindo uma operação de integração de uma parcela de negócio de um operador logístico num distribuidor), não houve uma fusão sequer”

O que mudarias no setor se a decisão dependesse apenas de ti?

É uma pergunta difícil, num mercado tão maduro e concorrencial… Sempre fui defensor que os players portugueses deveriam ter maior dimensão para se “protegerem” da concorrência europeia, mas, em 11 anos de mercado (excluindo uma operação de integração de uma parcela de negócio de um operador logístico num distribuidor), não houve uma fusão sequer.

Se olharmos para o retalho, defendo exatamente o mesmo. Temos imensos clientes de pequena dimensão (muitas vezes, com um conhecimento técnico incrível), que, de forma individual, apenas conseguem subsistir e nunca se tornam operadores de referência, por exemplo.

Oferta global de 350.000 pneus ligeiros; 10.000 pneus agrícolas em stock na Península Ibérica; 100.000 pneus em território nacional; 17 plataformas logísticas, das quais 14 em Espanha e três em Portugal. São estes os principais números da Nex?

22 pessoas em Portugal e cerca de 1.500 clientes que confiam na Nex. São esses os principais números que tornam tudo isto possível! Podia falar em 33 milhões de euros de faturação em Portugal e 180 milhões de euros a nível ibérico, mas acredito, de forma sincera, que o binómio pessoas + clientes é o principal número da Nex!

Em novembro de 2015, a Nex iniciou a sua presença em Portugal através de duas plataformas (uma em Lisboa, outra no Porto). Qual foi a razão que esteve na génese desta decisão?

E com quatro entregas ao dia nas duas capitais de distrito! A decisão foi tomada na conjugação desses dois fatores, que permitiam uma diferenciação em relação a todo o mercado e que transmitia, de forma enérgica, que a Nex não vinha apenas para “fazer número”, mas sim para estar próxima dos clientes e que estava a atuar em Portugal para ombrear com os melhores.

Há cerca de dois anos, a Nex abriu a sua terceira plataforma logística, localizada a sul do Tejo, mais concretamente no Pinhal Novo, que se dedica aos pneus pesados e agrícolas…

Isso foi um marco muito importante. Estávamos num “beco sem saída” a nível de capacidade de stock e a abertura dessa plataforma permitiu um crescimento exponencial da Nex no nosso mercado. Foi quase uma “nova Nex”. Aí sim, creio que existiu “um antes e um depois” na nossa estrutura.

Entre 2015 e 2019, a Nex foi o primeiro distribuidor a fazer entregas de pneus quatro vezes ao dia nas regiões da Grande Lisboa e do Grande Porto. Hoje, conta com regime de distribuição bi-diária em 80% do território nacional. É assim?

Precisamente. Ainda que os 80% não sejam exatos a nível geográfico, mas sim a nível da dimensão do mercado, em virtude de existirem (infelizmente) pontos do país onde a desertificação se faz sentir imenso.

Como é ser country manager Portugal da Nex?

É gratificante liderar um projeto como a Nex Portugal, com uma equipa fantástica e com uma presença no mercado tão forte e que me enchem de enorme orgulho nestes quase nove anos de trabalho.

Apesar de ser muito desgastante, há momentos em que a alegria de estar com clientes que nos apoiam incessantemente permitem superar as dificuldades do dia a dia de uma empresa sediada noutro país.

E o reconhecimento interno e externo do trabalho desenvolvido pela Nex faz com que me sinta realizado por contribuir com uma pequena parte deste desafio.

“É gratificante liderar um projeto como a Nex Portugal, com uma equipa fantástica e uma presença no mercado tão forte que me enchem de enorme orgulho em quase nove anos de trabalho”

Que características mais valorizas nas pessoas que trabalham contigo?

Destaco a lealdade e o espírito de combatividade (isto para não cair no chavão da “resiliência”). Confesso que, para um projeto desta envergadura, sem estes dois predicados, não estaríamos onde estamos hoje.

Tal permite-me confiar, de forma praticamente “cega”, na equipa. Confio em todos e sei que todos estão a “lutar do mesmo lado do campo de batalha”. E, isso, é a pedra basilar para tudo funcionar.

O que não gostas de fazer a nível profissional e evitas ao máximo?

Não gosto de reuniões improdutivas, que se estendem horas a fio para, depois de terminadas, ficarmos no ponto de partida. E as viagens longas são, atualmente, um verdadeiro sacrifício. Deve ser da idade…

Consideras que as viagens com clientes (e ainda há dias estiveste em Cuba…) são essenciais na atividade da Nex?

São essenciais. Aliás, as viagens, como Cuba (viagem de incentivo do grupo KSC ligado à Kleber), são o ponto alto da nossa relação com clientes que se dedicam, afincadamente, ao conceito apresentado pela Nex… E são momentos que ficam registados na nossa memória de forma marcante.

Qual a origem do nome Nex? Queres revelar-nos?

É muito simples: ainda que concebido em Espanha, acabou por ser um nome fantástico na minha opinião! NEX é a conjugação de “Neumáticos EXpress” (Pneus Expresso, em português), mas que resultou muito bem na minha opinião.

Check-up Media Aldo Machado Nex look

É simples, atrativo, multilingue e tem um logótipo que eu pessoalmente acho espetacular (ainda que a nível pessoal se fosse azul seria… estou a brincar, sou o fã n.° 1 do nosso logo!).

Acreditas que a Nex continua a dar argumentos para que a distribuição de pneus tenha um papel mais forte no futuro?

A Nex e todos os distribuidores grossistas em Portugal! Penso, de forma sincera, e sem qualquer presunção, que o futuro do mercado de pneus continuará a ter a distribuição grossista como sendo um elo imprescindível na cadeia logística e de valor do mercado. Estaria muito equivocado se tal não suceder. Estou convicto que este é um dos poucos negócios com um futuro “garantido” a médio e longo prazos.

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