Em primeiro lugar, porque, passado o inverno, teremos uns meses mais ou menos tranquilos do ponto de vista da pandemia. Mas, depois, porque, infelizmente, algumas das piores expectativas estu00e3o au00ed. E a juntar a tudo aquilo que era um cenu00e1rio pessimista, somos confrontados com uma guerra no leste da Europa.
O que estu00e1 a acontecer na Ucru00e2nia u00e9 de tal forma grave do ponto de vista humano, que tenho uma enorme dificuldade em adjetivar. Tudo aquilo que temos visto e assistido u00e9 inimaginu00e1vel na Europa, no su00e9culo XXI, mas que, do meu ponto de vista, tambu00e9m constitui uma evidu00eancia de um falhanu00e7o brutal da nossa sociedade ocidental.
Os sinais estavam lu00e1. Estavam lu00e1 hu00e1 bastante tempo, aliu00e1s. E, afinal, o fatu00eddico dia 24 de fevereiro de 2022 foi, para os lu00edderes europeus, apenas mais uma peu00e7a num puzzle desconhecido, mas ju00e1 quase finalizado.
E por mais incru00edvel que pareu00e7a, a histu00f3ria diz-nos que o puzzle ju00e1 foi feito e desfeito vu00e1rias vezes. A experiu00eancia da montagem do puzzle ju00e1 foi vivida, mas a realidade u00e9 que a nossa sociedade nu00e3o tem boa memu00f3ria e se comporta como que se o desafio fosse inu00e9dito.
Pois, mas realmente, nu00e3o u00e9 inu00e9dito e, definitivamente, nu00e3o u201cvamos lu00e1u201d com o espu00edrito do u201ceuropeu porreirismou201d, fazendo crescer estados sociais altamente endividados, de igualdade para todos e onde sempre u201ctudo vai ficar bemu201d, entretanto muito evidente numa larga maioria de pau00edses da Europa, inclusivamente Portugal.
Num mercado como o nosso, perifu00e9rico, menos dependente da energia russa, mais pequeno do que as grandes economias europeias, uma diminuiu00e7u00e3o da venda de veu00edculos novos permite que o consumo de peu00e7as aftermarket se mantenha numa trajetu00f3ria ascendente
Ricardo Caldas, Sales Manager da DAYCO Portugal
Afinal, nu00e3o u00e9 bem assim. E nu00e3o pode ser bem assim. A Europa, hoje, e os seus lu00edderes, aparentam surpresa com uma mais do que evidente impreparau00e7u00e3o, com decisu00f5es sucessivas quase infantis, influenciadas, naturalmente, pela dependu00eancia brutal de outros continentes, nu00e3o su00f3 do ponto de vista das matu00e9rias-primas, mas, essencialmente, do ponto de vista energu00e9tico e de incapacidade produtiva para as suas pru00f3prias necessidades.
Por outro lado, u201cdepois de casa roubada, trancas u00e0 portau201d. E su00f3 agora os lu00edderes europeus perceberam que tambu00e9m u00e9 com armas que se combatem as guerras! Mas sempre foi assim. E assim seru00e1!
Enfim, estamos confrontados com uma economia de guerra! Numa economia de guerra, o que podemos esperar, entre outras coisas, u00e9 uma caru00eancia geral de produtos, muitas vezes com a necessidade de racionamento, um esforu00e7o adicional das economias para a indu00fastria bu00e9lica, taxas de inflau00e7u00e3o galopantes e subida das taxas de juro.
Seru00e1 esta a realidade que teremos, pelo menos, atu00e9 ao veru00e3o. Mas resta-nos a esperanu00e7a de que, com maior ou menor dificuldade, continuaremos a ser abastecidos pelos principais fabricantes de peu00e7as europeus e americanos.
E que, num mercado como o nosso, perifu00e9rico, menos dependente da energia russa, mais pequeno do que as grandes economias europeias, uma diminuiu00e7u00e3o da venda de veu00edculos novos permite que o consumo de peu00e7as aftermarket se mantenha numa trajetu00f3ria ascendente.
Nu00e3o seru00e1 fu00e1cil, atu00e9 porque a tendu00eancia de subida de preu00e7os nu00e3o significaru00e1 mais rentabilidade para qualquer um dos nu00edveis da cadeia de abastecimento. Pelo contru00e1rio. Mas, com a dinu00e2mica, a flexibilidade e o capital pru00f3prio que caracterizam a grande maioria das empresas de aftermarket e da reparau00e7u00e3o automu00f3vel independente em Portugal, poderu00e3o, mais uma vez, aproveitar a ameau00e7a, moldu00e1-la para uma oportunidade e continuar a fazer do setor um ou00e1sis e uma referu00eancia para a economia portuguesa.