Uma grande empresa, por vezes, demora apenas “30 minutos” e o tempo necessário para observar “sete slides” a tomar uma decisão proporcional (e positiva…) à sua dimensão. Assim sucedeu com a casa-mãe, na Alemanha, ao tomar conhecimento do projeto de mudança de instalações do bilstein group no nosso país.
Passados quatro anos desde a mudança para as gigantes e majestosas infraestruturas, na Venda do Pinheiro, Joaquim Candeias, managing director, e Ricardo Candeias, diretor de marketing, abriram as portas do “quartel-general” ao Check-up para contar como tudo aconteceu e a experiência desta nova existência.
Cumprem-se, por estes dias, quatro anos que o bilstein group se mudou para estas novas instalações. Sabemos que o Joaquim Candeias costuma planear as suas ações com bastante antecedência. Ainda se lembra do preciso momento em que tomou a decisão de avançar para a construção desta infraestrutura?
Joaquim Candeias: Sim, perfeitamente, até porque foi uma decisão bastante amadurecida e com base em dados muito concretos. Foi em outubro de 2015. Começámos a planear entre abril e dezembro de 2015, com uma projeção de consumo de peças até 2022.
Era essencial agir de acordo com os números e com as estimativas realistas que definimos. Planeámos e projetámos tudo até setembro de 2016. Em outubro, começou, oficialmente, a construção.
Como olha, agora, para essa decisão?
Joaquim Candeias: Concluo que foi uma decisão no momento certo e imprescindível para o nosso desenvolvimento. Esta decisão foi a única forma de garantir um crescimento consistente e continuado.
Sabíamos que, em 2018, iríamos acabar por estagnar e não iria ser possível continuar a evoluir nem a crescer em termos de serviço, stock e não só. Sei que foi uma decisão corajosa, mas baseada na certeza de que tínhamos muito mais para oferecer, o que tem vindo a confirmar-se.
Como decorreram as conversas com a casa-mãe sobre este investimento? Foi um processo simples de gerir e foi fácil “convencer” a Alemanha da necessidade de terem mais espaço?
Joaquim Candeias: Pela confiança que a casa-mãe tem nesta subsidiária, foram precisos apenas 30 minutos e sete slides para lhes mostrar, de forma inequívoca, que mudar de instalações era a única forma de continuarmos a apresentar crescimento e taxa de serviço irrepreensível.
Ambos os acionistas, após a apresentação, olharam um para o outro e tomaram a decisão de imediato, proferindo “Let’s go!”.
Tanto quanto sabemos, toda a equipa esteve envolvida, desde o primeiro dia, na mudança. O que recordam desses dias?
Joaquim Candeias: O que melhor recordo foi um incremento indescritível ao nível de team building.
Ricardo Candeias: O espírito de equipa, que esteve sempre presente e os momentos registados que ainda hoje lembramos. Temos várias histórias engraçadas desse período e, felizmente, podemos recordá-las como um importante passo que fortaleceu a relação entre colaboradores.
Além do espaço disponível e da melhoria da qualidade da vida profissional de todos os colaboradores, o que mais mudou no dia a dia da empresa?
Joaquim Candeias: Sem dúvida que a capacidade de resposta foi, desde logo, a mudança mais notória. O novo edifício começou a evidenciar uma necessidade latente que tínhamos de espaço e que só através dele conseguíamos aumentar o nível de serviço e a qualidade de resposta que oferecíamos ao mercado.
Ricardo Candeias: Sobretudo a eficiência que conquistámos com as dimensões destas instalações e, acima de tudo, a garantia de continuidade que nos permitiu (e permite) olhar para o futuro de forma totalmente diferente.
Quando nos mudámos para estas instalações, ficou claro que havia esta necessidade e que o dia de amanhã era, agora, muito mais robusto e resiliente.
Dois destes quatro anos têm sido particularmente desafiantes, devido, sobretudo, à pandemia. De que forma têm estas instalações contribuído para superar estes tempos?
Ricardo Candeias: A segurança que este edifício nos oferece permitiu-nos sempre assegurar as melhores condições para os colaboradores, tanto no período pandémico, como atualmente. Os locais de trabalho são espaçosos e asseguram os distanciamentos necessários nesta fase e durante todo o período mais crítico.
Joaquim Candeias: Além de garantir o distanciamento, trouxe a oportunidade de mostrar ao mercado que conseguíamos manter os níveis de qualidade que, infelizmente, outros players não conseguiram, perante uma adversidade tão grande. Estar numas instalações que nos ajudam a alavancar o negócio foi a melhor forma de combatermos os efeitos desta fase crítica.
Como tem evoluído a empresa em termos de comunicação e marketing, perante a “revolução digital” acelerada (ainda mais) pela pandemia?
Ricardo Candeias: Em plena pandemia, decidimos avançar, finalmente, para a criação das três páginas de Facebook em português (febi, SWAG e Blue Print). Esta era uma decisão que já estava em cima da mesa há vários meses, mas avançámos apenas quando tivemos a certeza de que de seriam o foco da equipa e mais uma extensão da nossa comunicação com o mercado.
Talvez a pandemia tenha sido o empurrão necessário, mas a verdade é que este passo estava iminente. Em relação à evolução geral, temos feito um caminho de bastante trabalho e dedicação, na tentativa de conseguirmos diversificar a nossa comunicação ao máximo, apostando numa estratégia diferenciada e que deixe marca no seio do nosso target.
A equipa é, hoje, composta por cerca de 100 pessoas. Como se mantém motivado um capital humano tão grande? Sei que a empresa tem algumas atenções invulgares para com os colaboradores, nomeadamente o direito a massagens regulares…
Joaquim Candeias: As massagens é apenas um bom exemplo daquilo que tentamos oferecer, diariamente, aos nossos colaboradores, seja em ações de envolvimento, seja em ofertas especiais.
Também nesta área tentamos surpreender e trabalhar a motivação, fazendo com que todas as manhãs tenham vontade de vir trabalhar. Cada colaborador representa uma peça determinante no sucesso global da empresa e é imprescindível que cada elemento da equipa se sinta envolvido e motivado, porque só através do trabalho de equipa, é que surge a oportunidade de ditar o sucesso.
Qual o balanço da atividade da empresa nos últimos dois anos e, em particular, no trimestre de 2022?
Joaquim Candeias: Têm sido tempos atípicos, mas a empresa mostrou flexibilidade e capacidade de reação, muitas vezes em contextos extremamente complicados e imprevisíveis.
Crescemos em 2021 e registámos uma evolução acima do expectável e acima do mercado. Felizmente, também apresentámos crescimento no primeiro trimestre de 2022, podendo afirmar que foi um arranque de ano muito positivo para o bilstein group.
E como se encontra, neste contexto, a “saúde” das marcas do grupo: febi, SWAG e Blue Print?
Ricardo Candeias: Estão todas bem, todas elas com desenvolvimento e crescimento, tal como em 2021. São marcas relevantes e bem posicionadas no mercado e é, sobretudo, para isto que trabalhamos diariamente.
Joaquim Candeias: Além disso, continuam a ser altamente consideradas pelos nossos clientes, sendo escolhas frequentes por parte destes, que valorizam a evolução tecnológica que oferecemos através dos nossos artigos, mas, também, a cobertura e variedade da nossa gama.
Como é a “convivência” entre as três marcas do grupo? Têm elas posicionamentos diferentes e gamas específicas para que não corram, digamos, o risco de concorrerem entre si?
Ricardo Candeias – Essa é uma das nossas maiores preocupações, ou seja, garantir que todos os clientes têm o seu próprio espaço, evitando “colisões” entre players e havendo um compromisso em salvaguardar a relação entre os clientes e as marcas do bilstein group.
Nos últimos tempos, a empresa tem revelado uma maior “abertura” ao consumidor final. Como exemplos, citemos os patrocínios a eventos como o Rallye das Camélias e a Corrida dos Sinos. É uma estratégia assumida?
Ricardo Candeias: Sim, sem dúvida. A comunicação com o público final é importante para assegurar que a notoriedade e a visibilidade das marcas são crescentes, tornando-as cada vez mais conhecidas, tendo em conta a influência progressiva que o consumidor final assume na escolha de peças.
Mas esta estratégia tem como principal objetivo fazer com que as nossas marcas continuem a ser disponibilizadas através da cadeia de distribuição convencional. Apesar desta proximidade assumida ao público final, não existe intenção de reconfigurar a natureza do negócio.
Quando se passa a cancela das instalações do bilstein group, encontra-se um vasto terreno livre, quase equivalente ao total construído. Voltando ao início e tendo em conta a sua característica de jogar em antecipação, diria que já tem em mente a amplificação da infraestrutura, uma vez que o atual espaço já parece pequeno?
Joaquim Candeias: Os últimos dois anos, por terem sido fora do comum, ainda não nos permitiram pensar nisso de forma mais séria. Mas sem dúvida que já ponderamos essa possibilidade e que esta será uma decisão tomada antecipadamente e nunca por reação.
Como gostaria de ver a empresa num horizonte temporal de 10 anos e onde o seu pensamento o leva quando olha para todos estes anos de dedicação ao grupo?
Joaquim Candeias: Não tenho dúvidas nenhumas que seremos, inequivocamente, o player mais determinante no aftermarket. Em retrospetiva, sinto-me extremamente satisfeito, orgulhoso e com uma profunda certeza de realização.
Fazer parte do bilstein group é, para mim, sinónimo de concretização pessoal e de um crescimento assinalável em termos profissionais.
Sinto-me realizado quando penso na evolução, tanto minha, enquanto pessoa e profissional, mas, também, do próprio grupo. O orgulho passa por estar ao leme da atividade e deste crescimento em Portugal, o que me deixa, naturalmente, com sentimento de missão cumprida.