Cablagens dos automóveis podem ser a nova grande crise dos componentes

O fornecimento de peças para milhares de metros de cabos elétricos, necessários para fabricar os veículos novos, está a ser afetado pela guerra na Ucrânia.

Não bastava a crise dos chips e uma nova ameaça paira sobre a indústria automóvel, devido à guerra na Ucrânia. De acordo com a Associação Alemã de Fabricantes de Automóveis (VDA), preveem-se “grandes constrangimentos” nas rotas de transporte e nas transações comerciais, mas, também, novas falhas no fornecimento de matérias-primas.

“É difícil fornecer uma perspetiva confiável devido à situação altamente dinâmica. Mas uma coisa é clara: haverá mais interrupções na produção de veículos na Alemanha”, alerta a VDA, em comunicado.

Conforme explica a associação, há falhas no fornecimento do gás usado para produzir microchips para automóveis, proveniente da Ucrânia, também de paládio, um dos metais raros utilizados no fabrico de catalisadores – a Alemanha depende da Rússia para cerca de um quinto das importações – e minério de níquel, que é refinado para usar nas baterias de iões de lítio que equipam os veículos elétricos, importando do país invasor.

O problema assume já contornos muito graves. Segundo o Automotive News Europe, Volkswagen, BMW e Porsche estão já com dificuldades em garantir o fornecimento de peças para as cablagens dos automóveis.

Um automóvel novo tem milhares de cabos, que, colocados em linha reta, percorreriam uma distância entre dois e cinco quilómetros, dependendo do modelo.

Mas é debaixo da carroçaria que se “arrumam”, ramificando-se em dezenas de circuitos que garantem praticamente todas as funções de um carro e transferem energia de um lugar para outro, como acontece com o sangue que circula pelo corpo humano.

Para tornar isto possível, são necessárias centenas de pontos de ligação e de fixação. Ora, são precisamente esses arneses de cabos elétricos que começam a faltar.

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Vários fornecedores, localizados no oeste da Ucrânia, encontram-se fechados devido à guerra. Entre estes está, por exemplo, a Leoni, uma das maiores empresas do mundo neste setor, com duas fábricas na região.

As quebras no fornecimento destes componentes já obrigaram a paragens nas fábricas alemãs de Zwickau (onde são produzidos, diariamente, 1.200 automóveis elétricos) e Dresden, de onde saem os modelos Volkswagen ID.3, ID.4 e ID., bem como os Audi Q4 e-tron e Cupra Born.

Devido a problemas semelhantes com o fornecimento de materiais, o Grupo BMW decidiu que, a partir da próxima semana, as fábricas em Munique e Dingolfing, ambas na Alemanha, irão suspender, temporariamente, a produção. Paragens estão, também, previstas nas fábricas da Mini em Oxford, Inglaterra, e em Steyr, na Áustria.

Também a Porsche foi forçada a suspender a produção dos modelos Macan e Panamera na unidade de Leipzig, na Alemanha. “Nos próximos dias e semanas vamos avaliar, continuamente, a situação”, avisa a marca alemã, em comunicado.

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