Há mais semelhanças entre um jogo de padel e a atividade de uma empresa como a MF Pinto do que se possa pensar à partida. A gestão dos timings ditará o sucesso em ambos os campos. “Saber quando atacar e quando defender é fundamental”, diz Jorge Pinto, administrador da empresa de Sintra (e grande jogador de padel) ao Check-up.
Tudo começa com um “serviço de qualidade”, sem o qual não haverá negócio que prospere. Durante a pandemia, que já conta com mais de um ano nas nossas vidas, a MF Pinto soube ler como poucas os momentos do jogo. Analisou o plano, estabelecido ainda antes do início da crise provocada pela covid-19, e avançou para a ampliação das suas instalações, que contam, agora, com uma área de 2.000 m2 (tinham 900 m2). E não ficou por aqui.
Marcou pontos com a conquista de novas marcas premium para o seu portefólio: distribuição nacional das válvulas EGR BorgWarner Wahler; componentes de direção e suspensão da conceituada marca alemã Lemförder; turbocompressores da MELETT, são apenas alguns exemplos de uma empresa que investiu ainda na criação de uma área técnica para a realização de testes a turbos.
Nesta conversa, em pleno campo, no Urban Fut 5, Jorge Pinto fala ainda da importância do trabalho de equipa. E prova-o, logo de seguida, com o seu irmão e braço direito na MF Pinto, Paulo Pinto, numa partida de padel contra a equipa do Check-up, composta por Jorge Flores e Bruno Castanheira. O resultado? Duas horas muito bem passadas.
Comecemos pelo espaço onde estamos. Sei que costumas e gostas muito de jogar padel com o teu irmão. O que mais aprecias neste desporto?
Não pratico há muito tempo, faço-o há cerca de três anos. Gosto de várias coisas no padel. Primeiro, porque temos um parceiro, é um jogo de equipa. Não temos muita gente, mas temos um parceiro. E acho que isso é muito importante. Gosto de jogos coletivos.
Depois, gosto da intensidade do jogo. É um jogo muito intenso. E ao contrário do que muitos pensam – e eu próprio, ao início, pensava – que é um jogo muito agressivo, que se tem de jogar com muita força, não é assim. Tem estratégia. Gosto muito disso. Sou um adepto mais contemporâneo, mas fã de padel.
O padel ajuda a manter a forma. E quem a manteve, também, durante a pandemia, foi a MF Pinto. Aproveitou 2020 para restruturar as instalações, criar novas parcerias, conquistar novas marcas…
2020 foi um ano difícil para todos. Com a incerteza que vivemos, a partir de março. Não sabíamos exatamente o que ia acontecer. Continuámos com o plano que tínhamos desenhado antes dessa data. No fundo, o plano que fizéramos no final de 2019. E tivemos de continuar.
Tínhamos uma obra de integração do novo armazém em curso. Passámos para 2.000 m2, tínhamos contratos a entrar, alguns em janeiro, outros em março, curiosamente. E continuámos com o mesmo plano. Não alterámos nada do que tínhamos planeado.
Tivemos algumas dúvidas a determinada altura, sobretudo naquele mês de março, durante aquele grande choque coletivo. Mas correu bem e concretizámos, durante o ano de 2020, tudo o que tínhamos para fazer.
Uma analogia entre o mercado e o padel… a MF Pinto joga mais à defesa ou ao ataque?
(Risos) Excelente pergunta. Impulsivamente, diria que jogamos ao ataque. Mas não. Também jogamos ao ataque, mas o jogo é uma estratégia e há que saber quando jogar ao ataque e quando jogar à defesa.
Tentamos equilibrar e perceber os momentos do jogo. Isso é interessante no padel e nos negócios. Perceber quando temos de atacar e quando temos de estar mais recatados. Para que, quando atacarmos, ser para ganhar.
Já agora, também é importante ter um bom serviço…
O serviço é sempre importante. Pode ser um bom ponto de partida. Ou um mau. Se servirmos mal, ficamos em desvantagem. Se servirmos bem, podemos tirar daí uma vantagem. Umas coisas entroncam nas outras. Tanto no jogo como na nossa vida profissional.
Turbos e Diesel. Qual destas áreas de componentes é ainda mais representativa e importante para a atividade da MF Pinto?
São as duas, estão equiparadas. Se dividirmos o negócio, temos as áreas, mais ou menos, equiparadas. É natural que, no Diesel, com toda a evolução dos fabricantes e dos motores, a expectativa para os próximos anos (já não muitos) seja a de que o paradigma mude um pouco.
Mas os turbos têm crescido, de facto, com os híbridos. É normal que, na decisão de comprar um carro, o consumidor não escolha um Diesel, por um conjunto de razões. Vai escolher um híbrido, por exemplo. E o híbrido tem sempre associado um turbo. Sentimos essa tendência.
Já é notória essa tendência, hoje em dia?
Notamos, sim. Mas não é algo gritante. Percebemos apenas que é esse o caminho. Os veículos elétricos, atualmente, ainda não representam uma grande quantidade de vendas, quando comparados com os modelos híbridos.
Como está a MF Pinto a preparar a mudança de paradigma para os elétricos, sendo certo que os veículos continuarão a necessitar de componentes?
Estamos atentos. É isso que queria salientar. O que podemos fazer é acrescentar ao portefólio e ao que propomos ao mercado produtos e marcas que não estejam tão dependentes do facto de o motor ser a combustão ou não. Mas estamos atentos.
Este último ano, tão atípico para todos, temos as coisas mais ou menos congeladas. Atrasou uma série de decisões, transversais a todas as empresas. Pensamos, sobretudo, a partir de 2022, retomar essa procura de novas oportunidades.
A MF Pinto está presente em muitos países. A exportação continua a ser uma área importante? Quanto representa?
Neste momento, representa cerca de 40% do que vendemos. Como sabes, porque já nos conheces há muito tempo, o nosso modelo de negócio é um bocadinho diferente da esmagadora maioria das empresas do aftermarket nacional.
Temos essa parte da exportação porque ainda continuamos a acreditar que é por aí que conseguimos crescer. Vamos tendo os nossos negócios na América do Sul, muitos. África, noutros tempos. Mas, também, na Europa. É um mercado muito importante para nós e acreditamos nele. Continuamos a acreditar que é por aí que podemos crescer.
Como observa a MF Pinto a digitalização do setor, uma necessidade ainda mais acelerada pela pandemia?
Acho uma inevitabilidade. Absolutamente inevitável. As pessoas e as empresas que não se prepararam antes, rapidamente estão a fazê-lo. Na minha opinião, há coisas que ainda não se podem fazer em digital. No nosso negócio, o contacto com o cliente, a parte humana, é fundamental.
Há coisas que não se conseguem fazer através do digital. Mas há um conjunto de ferramentas que se podem desenvolver e nós estamos a fazê-lo. Mesmo além dos clássicos portais de venda B2B e B2C. As empresas têm de olhar para isto como um investimento e preparar-se. Não há outra alternativa.
Passados 15 anos da criação da MF Pinto, como te descreverias como líder?
Sou exatamente a mesma pessoa. Se calhar, com outras camadas impostas pelo tempo. Sou, talvez, mais pragmático e objetivo em algumas situações. Mas gosto muito de olhar para mim em 2021 e ver a pessoa que era há 15 anos.