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“As necessidades dos parceiros e clientes serão diferentes no pós-covid-19”, diz Pedro Teixeira

Unificar e aproximar a comunicação junto dos seus públicos. Em entrevista ao Check-up, o diretor-geral da Continental Pneus Portugal fala dos ensinamentos que a empresa retirou da pandemia.

Cumprido um ano de pandemia, repleto de desafios, a Continental Pneus Portugal manteve as suas redes de oficinas em funcionamento e o dinamismo que está, desde sempre, inscrito no seu ADN. Em entrevista ao Check-up, o diretor-geral, Pedro Teixeira, não esconde os “ensinamentos” que a covid-19 trouxe consigo.

Segundo o responsável, a capacidade de adaptação e a abertura aos novos caminhos da mobilidade e da digitalização são pontos nevrálgicos do sucesso da empresa, que, em 2021, celebra datas históricas, como os 75 anos da Mabor e os 150 anos da Continental.

Desde uma visita ao passado longínquo da marca até aos problemas atuais da pandemia, uma entrevista com os olhos colocados no futuro e nas novas necessidades dos clientes, parceiros e consumidores da empresa.

Ao final de pouco mais de um ano de pandemia, como descreveria o “estado de saúde” da Continental Pneus Portugal?

O último ano foi de enormes desafios. Não só para a Continental, mas para todos os setores de atividade. Felizmente, somos uma empresa com 150 anos de saber acumulado e que tem vindo, ao longo do seu percurso, a conseguir ultrapassar os desafios que se lhe vão colocando com alguma mestria, que lhe advém, obviamente, desta longa experiência, mas, também, de ter tido sempre a capacidade de olhar para as dificuldades como grandes oportunidades.

Ao final de um ano extremamente desafiante, a Continental continua de boa saúde e recomenda-se. Estamos, obviamente, muito expectantes e muito atentos a toda a conjuntura nacional e internacional. A Continental Pneus Portugal integra um grupo global e não é imune ao pulsar dos restantes mercados. Além de que a globalização “nos obrigou” a ter um olhar cada vez mais abrangente. Estamos especialmente atentos às questões relacionadas com a evolução da saúde pública, bem como da saúde económica do país e do mundo.

Temos de estar otimistas, com a devida moderação e cautela. Temos seguido, atentamente, as diferentes fases do desconfinamento, sobretudo o impacto que as mesmas têm tido na mobilidade das pessoas, obviamente tendo sempre como salvaguarda a segurança e a saúde dos portugueses.

O nosso negócio está na estreita dependência dos níveis da mobilidade. Todos os indicadores apontam para que, com o retomar da “normalidade”, a atividade económica vá estabilizar e, com a conquista da confiança dos consumidores, a atividade seja retomada.

Apesar da incerteza do arranque de ano, estamos convencidos que a situação do país vai normalizar, pelo que acreditamos que, com compromisso e dedicação, as vendas ultrapassarão os níveis de 2020.

O que mudou na estratégia da empresa com a crise?

Tivemos, tal como todas as outras empresas, de ir fazendo ajustes à nossa estratégia de acordo com a evolução da pandemia e com as mudanças que esta foi impondo no nosso dia a dia e no normal funcionamento das organizações.

Pedro Teixeira Continental picture

Continuamos a apostar na prestação de um serviço de elevada qualidade, a disponibilizar ao mercado as melhores soluções de mobilidade e sempre muito próximos dos nossos clientes, apoiando-os nas tomadas de decisões e reforçando, ainda mais, os nossos canais de comunicação, que têm de ser muito ágeis e eficazes.

Penso que esta foi a receita ideal para podermos atravessar esta situação particular com resiliência, mas, também, com alguma tranquilidade e confiança. Continuamos a trabalhar e implementar o nosso plano estratégico da retoma, com foco na comunicação e nos valores intrínsecos da marca Continental e onde a segurança tem um lugar de destaque.

As necessidades dos nossos parceiros, clientes e consumidores, na fase pós-covid-19, serão diferentes. Queremos unificar, reforçar e aproximar a comunicação da marca dos seus diversos públicos, afirmando-nos, categoricamente, como um parceiro disponível e com quem Portugal pode contar.

Sentimos que, numa altura tão peculiar como a que vivemos, se exige que as instituições sejam relevantes e coloquem em evidência o seu ADN e a sua responsabilidade perante os diversos stakeholders.

De que forma foram apoiadas as oficinas das redes da empresa, atendendo que esta atividade foi considerada “essencial” durante os confinamentos?

A rede ContiService e a 360°, dentro das limitações decorrentes da covid-19, mantiveram-se em funcionamento durante todo o estado de emergência. Com um enorme sentido de responsabilidade e até mesmo sacrifício pessoal, os pontos de venda quiseram, desde a primeira hora, estar disponíveis para prestar apoio a todos os que estavam na linha da frente no combate à pandemia – pessoal médico, forças de segurança, bombeiros, transportes – contribuindo para a mobilidade de todos.

A equipa da Continental foi muito ágil e, rapidamente, se reajustou a toda esta nova realidade. Tivemos como prioridades ao longo deste período o reforço dos laços de proximidade e dos canais de comunicação para com os nossos clientes.

Temos feito um enorme esforço para estarmos ainda mais próximos dos nossos pontos de venda. Tivemos de reagir rapidamente e reajustar as nossas rotinas e modos de atuação. A primeira e principal preocupação foi sempre a questão da saúde e segurança de todos os colaboradores e clientes e de que forma podíamos apoiar ainda mais as oficinas.

Continuamos a apostar na formação técnica e comportamental da rede, no reforço do modelo online, de forma a servir melhor o consumidor e, ao mesmo tempo, dotar as oficinas de conhecimentos técnicos oficinais e de gestão que as ajudassem a enfrentar o atual momento. Apostamos, também, em campanhas atrativas nos pontos de venda que potenciem a captação de negócio, sem nunca esquecer a segurança como mensagem essencial.

O digital tem assumido um protagonismo crescente no decorrer desta pandemia e temos estado a apoiar os nossos pontos de venda, reforçando, de forma consistente e diferenciadora, a sua presença nas diversas plataformas.

Pedro Teixeira Continental car

É possível extrair algo de positivo desta crise pandémica?

Acredito que mais do que extrair algo positivo ou negativo de uma crise, é sempre possível retirar ensinamentos! Um dos que me parece mais evidente é a necessidade de interiorização da capacidade de adaptação e agilidade no processo de tomada de decisão, necessários para fazer face à constante mudança que caracterizou e, continua a caraterizar, os tempos atuais.

Outro exemplo é o papel cada vez mais importante que a digitalização assume no nosso dia a dia. As limitações impostas pela pandemia forçaram a adoção e a viragem em muitos setores de atuação, que acabaram por ganhar uma clara vantagem competitiva.

Do ponto de vista pessoal, penso que todos nós aprendemos a valorizar as pequenas coisas/gestos do dia a dia, dos quais ficámos privados durante muito tempo.

Em termos de negócio, com menos veículos a circular, o desgaste de pneus é, também, menor. De que forma penalizou o setor?

Como empresa responsável pela distribuição e venda dos pneus das marcas do grupo em Portugal, a atividade da Continental Pneus está intrinsecamente ligada à mobilidade individual e coletiva no país.

Com a adoção do confinamento obrigatório, essa mobilidade foi, obviamente, penalizada, com a consequente diminuição abrupta da procura de pneus. Ainda assim, vários setores continuaram com a sua atividade, mantendo a sua mobilidade e, consequentemente, necessitaram de um serviço de assistência para garantir a sua continuidade e segurança.

Por isso, muitos dos nossos parceiros mantiveram as suas lojas e oficinas abertas para garantir esse nível de serviço fundamental para a continuidade daqueles que mais precisaram durante todo este período.

Depois de um longo período em estado de emergência, onde a circulação automóvel sofreu uma redução drástica e, logo, uma diminuição no desgaste dos pneus, não havendo necessidade da sua substituição, começamos lentamente a “desconfinar” e a retomar as deslocações, mas a níveis ainda abaixo da “normalidade”. Níveis que, com o avançar do desconfinamento, acreditamos que vão aumentar e atingir níveis idênticos aos da pré-pandemia.

Neste cenário, o segmento de veículos ligeiros está a ser o mais penalizado. No que se refere aos veículos pesados e industriais, este impacto não é tão significativo. Neste segmento, temos tido até uma atividade muito interessante, já que a operação logística do país se manteve muito ativa durante todo o período do estado de emergência.

Qual o balanço de 2020 e primeiro trimestre de 2021 para as redes ContiService e 360°?

O nosso negócio está na estreita dependência dos níveis da mobilidade e a pandemia tem restringido imenso as deslocações, o que condiciona o tráfego nas oficinas, e, por consequência, o negócio.

Relembro, no entanto, que quer a rede ContiService, quer a 360°, mantiveram-se sempre em funcionamento, de forma a apoiar todas as atividades que não puderam interromper os seus serviços.

Tenho de fazer um balanço positivo pela forma como conseguimos reagir e reajustar a prestação de um serviço numa época tão atípica como aquela que vivemos e que continuamos a viver. A forma como as oficinas se reinventaram é realmente notável. Sem nunca perder o foco naquilo que era essencial: a prestação de um serviço de qualidade em condições de extrema segurança.

Os desafios foram enormes: ajustar o dia a dia das oficinas às decisões/regulamentações governamentais que iam sendo decretadas nos diferentes estados de alarme e emergência. Encontrar formas de comunicar com o cliente – obrigando a uma aceleração da comunicação digital -, sendo este um negócio de proximidade e que necessita de deslocação física até à oficina para executar o serviço.

Acreditamos que a retoma vai acontecendo paulatinamente e em ligação direta com as diferentes fases de desconfinamento e o impacto que estas terão na mobilidade de bens e pessoas.

Sabemos que esta situação excecional obrigou muitas pessoas a estacionar os seus veículos e, portanto, revisões, manutenção e até desinfeção serão serviços necessários com o regresso à normalidade. Estamos convictos que a atividade das oficinas aumentará de maneira consistente nos próximos tempos com o retomar das atividades “normais”: trabalho e lazer.

O setor de pneus ainda vive muito do contacto humano. Como está o setor a ambientar-se ao processo de digitalização em curso e acelerado pela pandemia?

Lentamente temos vindo a ajustar-nos a uma realidade incontornável. O ato de substituição dos pneus envolverá sempre uma deslocação à oficina e um contacto humano. Mas a verdade é que os consumidores têm cada vez menos tempo disponível.

Portanto, a digitalização do setor era algo que já vinha a ser discutido e trabalhado. A covid-19 veio acelerar este processo, já que alterou, de forma permanente, o comportamento dos consumidores e veio causar mudanças estruturais.

Pedro Teixeira Continental logo

No nosso negócio, mais do que a compra online, é a pesquisa online que é realmente significativa. Primeiro, a procura por informação sobre os produtos disponíveis, características técnicas, resultados de testes, preços. E, de seguida, é a localização geográfica dos pontos de venda, bem como o horário de funcionamento, que define a “melhor oferta” e leva o consumidor a optar por um local em detrimento de outro.

Algo que não abordávamos de maneira prioritária há um ano – o tema da reputação digital, principalmente, em negócios de proximidade como a oficinas – hoje é essencial trabalhar. Esta reputação vai, seguramente, influenciar as escolhas do consumidor. Estamos num processo constante e evolutivo de transformação digital dos nossos processos operativos.

A nossa página web e a app são exemplos dessa adaptação. Por outro lado, os nossos pontos de venda têm já disponível a marcação de serviços online, a orçamentação, e estamos a trabalhar na desmaterialização de alguns processos, como a ordem de reparação, e, na fase final, a respetiva faturação.

Este é um ano de datas históricas para a Mabor (75 anos) e Continental (150 anos). Qual considera ser o segredo para conseguir “rolar” durante tantos anos? E em estradas de todos os cantos do mundo?

Este é um ano de celebração e de balanço destes 150 anos da Continental e dos 75 da Mabor. Um percurso notável, moldado por grandes êxitos e por muitos desafios, que nos transformaram numa empresa líder a nível mundial. A segurança dos nossos produtos, aliada à qualidade e à inovação que colocamos nas soluções que desenvolvemos e com as quais contribuímos para a mobilidade individual e coletiva, são, na minha ótica, os fatores que têm contribuído para estes 150 anos de sucesso e para continuarmos a “rolar” nos quatro cantos do mundo!

A confiança que os consumidores depositam na Continental é o nosso melhor selo de qualidade. O contributo que temos dado para a redução da sinistralidade rodoviária é algo de que muito nos orgulhamos. E Portugal tem desempenhado um importante papel neste já longo percurso de século e meio a “reinventar” a roda!

E qual o sentimento ao olhar para o caminho já percorrido?

Um sentimento de grande orgulho por integrarmos uma empesa global e com um know-how de 150 anos, onde, diariamente, inovamos e desenvolvemos soluções de mobilidade que contribuem para o desenvolvimento do mundo. É, ao mesmo tempo, uma enorme responsabilidade e um desafio. Todos os dias temos de fazer melhor para continuarmos na senda do sucesso que a empresa tem vindo a trilhar.

Para terminar, já que olhámos para o passado, proponho-lhe o exercício oposto: olhar para a frente. Como vê o mercado nacional de pneus, em geral, e a posição da Continental Pneus Portugal, neste contexto, nos próximos cinco anos?

Não tenho a mínima dúvida de que a posição da Continental Pneus Portugal será de liderança no mercado de pneus em Portugal. O automóvel do futuro será cada vez mais conectado e autónomo, movido, obrigatoriamente, por uma energia mais sustentável.

Este automóvel necessitará de pneus de alta performance! O segmento que maior crescimento tem vindo a registar nos últimos anos é, efetivamente, o dos pneus de alta performance (UHP) que equipam jantes iguais ou superiores a 17”. E acreditamos que também é aquele que, nos próximos anos, continuará a ter maior espaço de crescimento.

Os fabricantes de automóveis ditam as tendências do mercado de acordo com as preferências dos consumidores e, nos últimos anos, temos assistido a uma tendência por veículos com aspeto cada vez mais desportivo, mesmo que sejam familiares.

A indústria de pneus, por sua vez, segue as características do mercado automóvel, onde os veículos cada vez mais tecnológicos exigem muito mais do pneu. O crescimento do “online” continuará a ser uma realidade, ainda que, maioritariamente, na sua vertente de consulta e procura de informação. Ainda assim, acreditamos que a venda direta através do canal online, mais cedo ou mais tarde, acabará por crescer e assumir um peso mais relevante do que, atualmente, tem no mercado.

Haverá cada vez mais um maior foco na rentabilidade e na criação de valor. Os negócios vão ter de assumir, definitivamente, a transformação digital, seja a nível B2B seja B2C, sem perder a proximidade com o cliente. Igualmente importante será o impacto que o crescimento do segmento dos veículos elétricos terá nos cuidados e na manutenção diferentes dos veículos convencionais.

Segundo dados da UVE – Utilizadores de Veículos Elétricos -, foram matriculados, em 2020, em Portugal, 8.137 unidades BEV (elétricos) e 11.867 unidades PHEV (híbridos e plug-in), num total de 20.004 veículos. Os veículos autónomos são outra tendência do setor a que temos de estar atentos e que exigem, também eles, uma manutenção técnica diferente e mais exigente.

 


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