A Drive360 entrou numa nova fase, marcada por uma identidade visual renovada, uma abordagem moderna ao mercado e uma ambição clara: continuar a ser uma referência no aftermarket automóvel.
Para Pedro Proença, CEO da empresa, evoluir não significa mudar tudo, mas manter os valores e o ADN que definem a autenticidade da Create — profissionalismo, confiança e credibilidade — enquanto se adapta às novas exigências do setor.
A chegada de quase duas dezenas de marcas chinesas ao mercado português acrescenta uma camada de complexidade e oportunidade. Novas plataformas, fornecedores distintos e tecnologias inovadoras desafiam o aftermarket a adaptar-se rapidamente.
Para a Drive360, estas marcas representam tanto uma ameaça — pela necessidade de procurar novos fornecedores e gerir maior variabilidade de peças — como uma oportunidade, desde que se “invista em formação, ferramentas e soluções específicas para capacitar oficinas e clientes”, adianta o responsável.
A empresa tem reforçado a transformação digital, com ferramentas como o Shop360 e software de gestão comercial, para facilitar o dia a dia das oficinas, permitindo-lhes trabalhar de forma mais eficiente e organizada. Ao mesmo tempo, a Drive360 continua a expandir a sua rede logística, garantindo proximidade, fiabilidade e rapidez na entrega de produtos.
Nesta conversa, Pedro Proença explica ao Check-up como a Drive360 equilibra visão estratégica e paixão pelo setor, como aposta no valor acrescentado para se diferenciar num mercado competitivo e como encara o futuro da mobilidade, desde veículos elétricos a soluções sustentáveis, “mantendo sempre o cliente profissional no centro das decisões”.
O Evolution360 marcou um novo ciclo para a Drive360. Que balanço faz deste evento e de que forma refletiu ele a nova fase da empresa?
O balanço foi muito positivo. Conseguimos reunir cerca de 800 clientes de todo o país, num espaço onde organizámos um evento completo, com conteúdos relevantes para as oficinas.
Foi um dia bem preenchido, com áreas dedicadas a temas importantes e sessões em sala que reforçaram a ligação com os clientes. Nem tudo foi perfeito, mas analisámos os pontos a melhorar para futuras edições. O importante é que conseguimos mostrar, de forma concreta, como a Drive360 está a evoluir.
Ao longo da apresentação, foi destacado o lema “Evoluir é manter o que nos torna autênticos”. O que permanece intocável no ADN da Drive360 — mesmo num setor em plena transformação digital?
O que permanece intocável é o nosso foco no profissional. Todo o nosso negócio está estruturado para satisfazer as necessidades do cliente profissional. Mantemos valores como confiança e credibilidade, pilares fundamentais para relações duradouras, tanto com a nossa equipa como com os clientes.
A Drive360 nasce da experiência da Create Business, com mais de duas décadas de história. Que lições desse percurso continuam a orientar o vosso crescimento hoje?
A principal lição é o foco: saber exatamente o que queremos fazer e, também, o que não queremos. Isso permite aproveitar oportunidades sem perder a nossa essência. Para nós, o profissional e a satisfação das suas necessidades continuam a ser inquestionáveis.
A transformação digital tem sido uma das grandes apostas do grupo. Que papel desempenham ferramentas como o Shop360 e o software de gestão comercial nesta estratégia?
São passos nesse sentido. Estas soluções ajudam os nossos clientes a trabalhar de forma mais eficaz. Muitas oficinas estão focadas no dia a dia e não têm tempo para refletir sobre digitalização.
O nosso objetivo é facilitar a sua operação, dando ferramentas que lhes permitam organizar melhor o trabalho e dar resposta a uma procura crescente, mesmo com limitações de profissionais.
A empresa apresentou uma imagem moderna, próxima e dinâmica. O que significa, na prática, “ser uma marca que desperta paixões” num setor tão técnico como o aftermarket automóvel?
Ser uma marca que desperta paixões significa criar proximidade e identificação. Se os clientes se identificam com a nossa marca, participam em eventos e reconhecem os nossos valores. É aí que surge a paixão: quando querem fazer parte desta história connosco.
Falou no Evolution360 de uma “roda completa de serviços e soluções”. Que novos produtos e marcas próprias a Drive360 vai apresentar nos próximos meses? Se for possível revelar…
Não podemos abrir muito o jogo. Estamos numa fase de construção. Estamos a reforçar a nossa linha de produtos e a procurar novas soluções, incluindo para viaturas elétricas.
“A fiabilidade da nossa logística permite que os clientes programem melhor a sua operação. Passámos de cinco para 39 armazéns, o que aumenta a complexidade, mas estamos a construir soluções para gerir essa rede e garantir que continuamos a ter a melhor logística"
A aposta na marca Drive360 como produto próprio será gradual, mantendo, também, as marcas que já trabalhamos. O objetivo é encontrar fornecedores que nos permitam oferecer soluções completas aos clientes.
Com 39 armazéns em Portugal e um processo de expansão em marcha, que importância tem a proximidade logística para manter a confiança dos vossos parceiros?
É um fator diferenciador essencial. A fiabilidade da nossa logística permite que os clientes programem melhor a sua operação. Passámos de cinco para 39 armazéns, o que aumenta a complexidade, mas estamos a construir soluções para gerir essa rede e garantir que continuamos a ter a melhor logística do mercado.
O setor vive, hoje, uma pressão crescente com a entrada de quase duas dezenas de marcas chinesas em Portugal. Como é que a Drive360 encara esta mudança? Representa uma ameaça, uma oportunidade ou ambas?
Na verdade, um pouco das duas. É uma ameaça se os fornecedores dessas marcas não forem os mesmos do que os nossos, aumentando a complexidade em termos de gestão de stock e variabilidade do parque.
Mas também é uma oportunidade: com a abordagem certa, podemos capacitar as oficinas para receber estas viaturas e transformar o desconhecido em negócio.
Estas marcas chinesas trazem novas tecnologias, plataformas e fornecedores. O aftermarket português está preparado para reparar, diagnosticar e abastecer estas novas viaturas?
Acredito que sim. O setor tem resiliência e capacidade de adaptação, com empresas de excelente qualidade na reparação e distribuição. Temos concorrência que faz um trabalho de excelência. É preciso perceber onde estão as oportunidades, mas há capacidade para responder a estas mudanças.





Está a Drive360 a desenvolver soluções específicas ou formações técnicas orientadas para veículos elétricos?
Já fazemos formações para veículos elétricos, através da Create, e o objetivo para 2026 é aprofundar o investimento nesta área, fornecendo know-how e equipamentos às oficinas.
Temos três níveis de formação nesta área e vamos ter uma quarta. Queremos que a receção de viaturas elétricas ou chinesas deixe de ser um problema e se transforme numa oportunidade de negócio.
A concorrência asiática tende a baixar os preços. Como é que uma empresa como a Drive360, com uma estratégia de valor acrescentado, se defende dessa pressão?
Não há outra forma senão apostar cada vez mais na diferenciação e no valor acrescentado. Na pergunta está a resposta (risos). É a nossa estratégia para nos mantermos competitivos e relevantes no mercado.
Que iniciativas concretas a Drive360 está a implementar para que as oficinas acedam a dados e diagnósticos em tempo real (telemetria, catálogos atualizados, integração com sistemas de fabricantes)?
Temos uma equipa dedicada ao acesso remoto, garantindo suporte seguro e cumprimento de todos os requisitos técnicos.
Esta área está em forte crescimento e continuaremos a investir para que os clientes possam aceder a diagnósticos, catálogos e integrações de forma confiável.
A nova imagem da Drive360 marca um momento simbólico. O que representa esta nova identidade visual para a empresa e para os seus parceiros?
Representa o futuro e a mobilidade, com o cliente no centro de tudo. Queremos mostrar que estamos motivados para trabalhar com os clientes e ajudá-los a gerir um parque cada vez mais complexo, oferecendo todos os serviços e soluções necessários.
Num momento em que tanto se fala de transição energética e mobilidade sustentável, qual deve ser o papel do distribuidor de peças neste novo ecossistema automóvel?
O distribuidor deve gerir o impacto ambiental da sua atividade, otimizar rotas e reciclar materiais sempre que possível. É nossa responsabilidade reduzir a pegada da frota e preparar-nos para a transição energética quando existirem soluções confiáveis para isso.
Numa empresa em movimento permanente, como é que se mantém o equilíbrio entre a visão de gestor e a paixão que o trouxe até aqui?
O equilíbrio não é fácil, mas é a paixão que faz as coisas funcionarem. O modelo da Drive360 permite expandir a operação sem perder o foco no profissional, garantindo que levamos a nossa visão a mais clientes e locais em Portugal.