Uma bomba de água pode apresentar débito reduzido mesmo quando o veio está firme e sem qualquer folga percetível. Este é um cenário cada vez mais comum, sobretudo em bombas com impulsores em material compósito ou com desgaste interno progressivo, onde a falha não é mecânica, mas hidráulica.
O primeiro indício surge no comportamento térmico do motor. Um débito insuficiente provoca aquecimento gradual em carga, mantendo temperaturas aceitáveis ao ralenti ou em condução ligeira.
O motor não ferve nem acusa falha imediata, mas a temperatura sobe mais depressa do que o normal em subidas longas ou circulação urbana intensa. Este padrão repetitivo é típico de circulação de líquido limitada.
Outro sinal está na diferença de temperatura entre mangueiras. Com o motor quente, a mangueira superior pode estar excessivamente quente, enquanto a inferior demora a aquecer ou mantém uma diferença pouco lógica. Isto indica que o líquido não está a circular com a velocidade necessária para atravessar, de forma eficaz, o radiador, mesmo sem bloqueios aparentes.
Sistema de ventilação
A resposta do sistema de ventilação é igualmente reveladora. Um motor com bomba de débito reduzido tende a acionar o ventilador com maior frequência e durante mais tempo. O sistema tenta compensar a circulação deficiente aumentando a dissipação forçada, o que mascara, temporariamente, o problema, mas não o resolve.
O comportamento do aquecimento do habitáculo também fornece pistas. Se o ar quente demorar a surgir ou variar de intensidade com a rotação do motor, é provável que o fluxo de líquido seja insuficiente, sobretudo a baixas rotações. Em bombas desgastadas internamente, o débito melhora ligeiramente com o aumento das rpm, mas continua abaixo do ideal.
Termómetro de infravermelhos
Com auxílio de um termómetro de infravermelhos, é possível detetar zonas térmicas irregulares no circuito. Uma bomba saudável promove uma distribuição homogénea do calor; uma bomba com débito reduzido cria diferenças abruptas de temperatura entre pontos próximos, sinal de circulação desigual.
Por fim, a análise dos dados do scanner reforça o diagnóstico. Oscilações lentas e repetidas da temperatura do motor, sem relação direta com a carga ou a velocidade, indicam falhas na circulação do líquido. Quando termóstato, radiador e sensores estão excluídos, a bomba passa a ser a principal suspeita.
Assim, mesmo sem folga no veio e sem ruídos evidentes, uma bomba de água pode estar longe de cumprir a sua função. O diagnóstico correto exige observar o sistema como um todo, interpretando padrões térmicos e respostas do motor, em vez de procurar apenas sinais mecânicos clássicos.